terça-feira, 16 de junho de 2009

O conto e o reconto

O ato de contar histórias para crianças com o objetivo que as mesmas recontem, ainda é excelente ferramenta  para desenvolver não só a imaginação, a criatividade, o acervo linguístico,  mas também a capacidade de expressar e estruturar o pensamento lógico mentais. É uma estratégia pedagógica, excelente, para se trabalhar com alunos com dificuldades diversas, principalmente,  crianças que ainda não desenvolveram as habilidades de leitura da escrita, que estão em fase do desenvolvimento das inteligencias linguísticas. O conto e reconto oral auxilia o educador quanto ao desenvolvimento de inúmeras faculdades mentais das crianças, eles tem poder de movimentar inúmeros campos mentais do cognitivo das crianças, é útil para que elas possam desenvolver inúmeras conexões neuronais do cérebro e ainda para que elas construírem referencias de espaços na mente, que favorecerão o uso da imaginação ao longo da vida para resolução de problemas. Mas para que isso aconteça, o educador precisa ser criativo ao longo da contação, o enriquecimento com recursos paralelos, estimulará o movimento de inúmeras áreas do cérebro, e formará referencias de imagens, pessoas, coisas, seres e senários. Caso contrário se fará necessário que na contação se construa espaços e personagens com riquezas de detalhes, uma boa entonação de voz, regada de muito entusiasmo, habilidades que são indispensáveis para todo e qualquer contador de história que se pretende ser ouvido com atenção.
Este trabalho é um estudo de caso realizado na uma criança da educação infantil, em que buscou entender as faculdades mentais mobilizadas por uma criança por meio de um recurso didático metodológico chamado "conto e reconto". Se valeu do método qualitativo descritivo, e dessa maneira se propõe descrever uma analise do conto e do reconto tomando como base a obra literária escolhida e abaixo descrita:
-SOLANGE, A. Fonseca Gontijo. Pepita, a piaba. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2004.
-Adaptado de Willian J. Bennett. O livro das virtudes para crianças. São Paulo: Nova Fronteira,1997.
Vejamos como Ellison A. R. S., 4 anos, Jardim II se desenvolve no reconto de uma história. A primeira abordagem se fez sem recurso didático concreto ou visual, somente o conto oral.

Ver historia contada à criança: 
O Conto 1-  "Pepita, a piaba".


Lá no fundo do rio vivia Pepita: uma piaba bem miudinha. Mas pepita não gostava de ser assim.Ela queria ser grande... bem grandona... Tomou pílulas de vitamina, vez musculação para peixe... Mas nada... Continuava miudinha.
_O que é isto? Uma rede? Uma rede no rio! Os pescadores! Ai, ai, ai...
Foi um corre- corre, um nada, um nada, Mas muitos peixes ficaram presos na rede.
E pepita? Pepita escapuliu da rede, e nadou para bem longe dali! E falou:
_Ufa! Se eu fosse grandona... eu nem quero pensar o que seria de mim.


RECURSOS CONSTRUÍDOS: Fantoche de palitos, (imagem de um peixe e imagem de uma rede com buraco para passar o peixe). Há quem diga: "Quem conta um conto, aumenta um ponto".

O reconto de E.A.S., 4 anos de idade.

"Era uma vez uma pepita que gostava de pescar, ela foi para Belém para pescar, ninguém gostava dele. Ele pescou um monte de peixe, ela tava lá no rio, ela tava chorando, acabou de chorar, ela foi procurar e ela foi pro mar, uns peixes grandes e os pescadores, mas ela fugiu dos pescadores, porque ela era pequenininha."

ANÁLISE 1: Percebe-se que ainda na infância a criança é capaz de descrever os acontecimentos essenciais de um conto. É possível perceber uma capacidade bem básica de estruturação lógica de uma história, que é a noção de início, meio e fim, mas essa habilidade pode variar de criança para criança. Pode-se verificar claramente que a capacidade de percepção de sentido lógico, coesão na construção oral do texto, é bem afetada, pois ainda não está bem desenvolvida nessa fase, o pode ao longo da vida escolar será superada, com estimulação e orientação sobre a própria construção da criança, por meio do exercício continuo.  Porém uma habilidade latente que se pode observar na maioria das crianças nessa faixa etária, que escuta os contos sem recursos didáticos, é que elas se valem das suas experiencias sinestésicas vivenciadas em suas vidas práticas, isso devido a necessidade de visualizar um espaço concreto para que o mesmo alcance o devido entendimento do conto, e para tanto se valem do campo cerebral da imaginação como meio de complementar a sua falta de referências, como também a falta de recursos didático sinestésicos.  Verifica-se ainda que na ausência de recursos metodológicos para a construção de sentido do conto pela criança, as mesmas apresentará mais dificuldade na construção oral  de forma lógica a estruturação do sentido da historia, por causa da tentativa de imaginar e construir a historia mentalmente, por isso é comum complementar as histórias com suas experiencias de vida, fundamentada na imaginação e nas imagens das suas experiencias sinestésicas vividas na sua vida cotidiana. ver "ela foi para Belém para pescar".
Uma boa pedida nesta fase do desenvolvimento cognitivo das crianças é que o educador forneça o maior número possível de experiência sinestésica e espacial (imagem, recursos concretos com alguma associação a história para ajudar no desenvolvimento da imaginação). Quanto menor for a idade da criança, maior será essa necessidade e essa demanda da criança, o que exigirá do educador do Ensino Infantil maior criatividade, essa conduta favorecerá a estruturação lógica de espaços e imagens mentais na estrutura cognitiva das crianças, para que posteriormente possa raciocinar com o conto abstrato, sem apoio de recurso didático. Seria uma boa pedida no conto e também no reconto, a construção ou o uso de imagens ou elementos didáticos como fantoches, bonecos, suportes de placas, cores e sucata enfim, ferramentas metodológicas que a criatividade lhe permitir construir, para que, assim, a criança com pouca experiencia sinestésica em sua vida cotidiana, possa desenvolver não só a sua linguagem, imaginação, a estruturação de espaços mentais, mas também que se torne uma pessoa criativa na arte do reconto.

O Conto 2: “O pastorzinho e o lobo”.


RECURSO: História com muita imagem e paisagem.
Um menino mentiroso
Um pastorzinho levou suas ovelhas para pastar fora da aldeia.um dia quis pregar uma peça nos vizinhos:
_Um lobo, um lobo, socorro. Ele vai comer minhas ovelhas,
Os vizinhos largaram o trabalho e saíram para o campo socorrer o menino. Mas ele começou a gargalhar. Não havia lobo nenhum.
Outro dia ele decidiu brincar novamente quando os vizinhos vieram, não tinha lobo nenhum e começou a caçoar de todos.
Mas um dia o lobo apareceu de verdade e começou a atacar as ovelhas.Morrendo de medo, o menino saiu correndo.
_Um lobo, um lobo, socorro. Ninguém veio ajudar e o pastorzinho perdeu todo o rebanho, pois
ninguém acredita quando um mentiroso conta a verdade.


O reconto de E. A. S, 4 anos.
"Era uma vez um lobo mau que era muito engraçado, ele gostava de comer, ele comeu todas as ovelhas, quando ele tava comendo uma ovelha, porque ele tava com muita fome, o menino estava na rua e ouviu o grito das ovelhas, ninguém acreditava nele, e o lobo mau comeu todas elas".

Agora faça sua analise dos campos intelectuais desenvolvidos e expressos no reconto da criança acima.

Nenhum comentário:

Postar um comentário